quarta-feira, 12 de agosto de 2009

VariedadeS

(foto: Cecília Ferraz) No último mês e meio, muitas coisas contribuíram para que eu colocasse em prática o que mais gosto de fazer: pensar. Ia colocar aqui "refletir" mas, antes de escrever, a palavra me soou sensata demais. Algo que não sou necessariamente. Pensar o quanto realmente vale uma vida tranqüila, num local agradável. Quanto custa, de verdade, um lugar pra chamar de meu, minha casa. Pensar que viver em harmonia com os vizinhos não significa aceitar tudo que o bom senso alheio julga adequado. Que eu cresci e está mais do que na hora de ser sensata (eu?) e de expressar minha opinião, pois se não o fizer, além do alheio tomar conta, acabo por me encher e simplesmente ignorar o que acontece a meu redor - o que pode, em breve, virar uma boa dor de estômago ou um prato cheio para a terapia. Pensar se as pessoas ainda tem um restinho de compaixão, de sentimento, sob toda a ganância e luta pela sobrevivência (leia-se: dinheiro) num grande centro como São Paulo. Pensar que muitos de nós vivemos numa bolha que julgamos ser o território das verdade e da intelectualidade mandante desse país, e deixamos de olhar e perceber que esse país é MUITO mais que as regiões sul-sudeste. Que temos muito que aprender e trocar com todas as outras formas de conhecimento e culturas. Pensar que contradições existem. Sempre. E graças a elas posso pensar assim. Sempre. Esperando que isso me leve à reflexão. De preferência sensata.

sábado, 1 de agosto de 2009

O futuro é agora

E viva a globalização (massificação?) da cultura! Em pleno Juruti, sábado de Festribal, 10h30 da manhã, entra pela janela de casa o inconfundível som de Thriller de Michael Jackson. É o vizinho provavelmente curtindo algo que não a música das tribos que, desde que chegamos, toca sem cessar. E por falar em tribos, ontem fomos assistir à apresentação mirim das tribos Muirapinima e Munduruku. Devo admitir que minhas expectativas não eram nada altas. Pela primeira vez acompanhei um pouco mais de perto o Festival de Parintins, que foi transmitido para São Paulo, ao vivo, e não fiquei tão empolgada com o que vi pela TV. Mas hoje, depois da prévia que a apresentação mirim nos deu, entendo que deve ser algo mágico estar no meio de uma manifestação como a de Parintins... Hoje a noite estaremos no meio da terceira maior festa do estado do Pará, rodeadas de lendas e mitos dessa Amazônia tão próxima e, ao mesmo tempo, tão distante de nós. Na apresentação das tribos existem alguns personagens-chave: a porta-estandarte, a guardiã tribal, a índia guerreira e o pajé. Para cada personagem é contada uma história, uma lenda, que explica seu surgimento e sua relação com a floresta. E quando finalmente esses personagens "nascem" no Tribódromo... quanta energia e quanta dança (para não dizer, erroneamente, samba) no pé! Isso porque são crianças!!! É uma energia linda de se ver e sentir. São eles que estarão à frente da apresentação principal daqui a alguns anos, e são eles que estarão à frente de Juruti também. E então, todo o nosso trabalho faz sentido. Será que em 10 anos, o Festribal terá a mesma energia de hoje? A mesma emoção? Será que um dia ouviremos a música das tribos em São Paulo, ao invés de Thriller? Disso eu duvido. Porque a idéia de que a floresta é intocada está cada vez mais distante. E cada vez mais ela quer fazer parte do mundo global, afinal por que, justo ela, deveria ser excluída e preservada? Esta aí uma reflexão. Mais uma...