sábado, 19 de dezembro de 2009

Atualizando

Resolvi criar vergonha na cara e atualizar minhas anotações sobre nossa viagem ao Uruguay no final do ano passado. Assim quem estiver pensando em passear por aquelas bandas pode dar uma olhadinha e, quem sabe, se inspirar. E boa viagem!

Dias 10, 11 e 12 - de Cabo Polonio a São Paulo

Dia 10 – Cabo Polônio/Rio Grande 04/01/09 – domingo Acordamos cedo e doloridos pela noite mal dormida e nos informamos sobre transporte até Cabo Polônio. Preço: UR$120 por pessoa ida/volta. Sobre Cabo Polônio (no Wikipedia):
“Cabo Polonio é um balneário uruguaio localizado no Departamento de Rocha. Próximo a sua costa, localizam-se três pequenas ilhas que servem de morada para lobos marinhos: La Rosa, La Encantada e el Islote. O nome da cidade vem de um galeão espanhol que naufragou na região em 1735. Um lobo-marinho toma sol em uma rocha próxima ao farol. Cabo Polonio possui uma paisagem singular, com enormes dunas ao redor da cidade. Os argentinos são os principais turistas da cidade, embora o turismo interno e de outros paises também seja significativo. A população fixa é pequena, formada principalmente por pescadores, artesãos e funcionários do farol. Em Cabo Polonio não há rede elétrica. Porém, muitos estabelecimentos possuem gerador próprio. Isso não impede que durante a noite seja quase impossível localizar-se. Durante a alta temporada, Cabo Polonio conta com vários restaurantes, pousadas e casas para alugar.”
O lugar vale a visita, mais pela paisagem que pela praia. Nós, por exemplo, não tivemos coragem de entrar no mar gelado. E como estávamos cansados, acabamos voltando e pegando o carro logo depois do almoço, sentido Chuí. No meio do caminho uma curiosidade (infelizmente sem fotos), de repente a pista se alarga e aparece uma placa dizendo que ali é uma pista de pouso de emergência! Já pensou? Você passando de carro e um 737 aterrissando na sua frente? Passamos direto pelo Chuí e seguimos até Rio Grande, onde nos hospedamos no Hotel Paris, próximo ao porto, por R$76/casal. Dia 11 – Rio Grande/Lages 05/01/09 - segunda-feira Por 15 minutos perdemos a balsa que nos levaria até a BR-101. Tenho muito vontade de conhecer esse trecho da BR, entre o Atlântico e a Lagoa dos Patos. Mas nosso atraso acabou sendo positivo, pois devido às chuvas em Santa Catarina, vários trechos da estrada estavam debaixo d’água e/ou interrompidos. Por isso acabamos voltando pela BR-116. Pernoite em Lages, no Hotel Planalto, lotado de argentinos que seguiam em direção ao litoral catarinense. Preço: R$60/casal. Dia 12 – Lages/São Paulo 06/01/09 - terça-feira De Lages seguimos para Curitiba, para visitarmos meu tio Léo, e de lá pegamos a conhecida Régis Bittencourt. Chegamos a São Paulo às 22h20, depois de 5.558 km rodados em 12 dias de viagem. Muitos vinhos na bagagem e histórias pra contar.

Dia 9 – Colônia/Cabo Polônio 03/01/09 – sábado

Deixamos Colônia às 10h50 depois de um café da manhã espetacular a pousada em que ficamos, e seguimos para Montevideo. Algumas conclusões até o momento: 1.Vale mais a pena deixar o carro em Colônia e ir até Buenos Ayres de ônibus – via Buquebus. Muito mais barato. 2.O Uruguay é um pais movido a motonetas, sem capacetes. Em Colônia qualquer um pode alugar uma scooter e conhecer a cidade. 3.O país deve ser um ótimo lugar para birdwatching. Como as estradas são pouco movimentadas, muitas aves ficam no asfalto, algumas até um pouco kamikazes e é bom tomar cuidado para evitar atropelamentos. 4.De fato é o país das vacas gordas. E bonitas. Paramos em Montevideo para almoço no Mercado do Porto, no restaurante El Pelegrino. Como cortesia da casa médio y médio, mistura de vinho com espumante, docinho e refrescante. Pedimos um cordero con vegetables salteados. Delicioso! Serve duas pessoas como nós, tranquilamente. Valor da conta: UR$1048. Antes de cair na estrada novamente, compramos alguns vinhos uruguaios e um licor de Tannat (Uruka) muito gostoso. Seguimos em direção a Punta del Este e punta que pariu! Descobrimos onde estão todos os uruguaios!!! Pouco antes de Piriápoles, cidadezinha balneária super agradável, avistamos uma montanha. Sim! Uma montanha no Uruguay!!! E não era qualquer montanha, era a terceira mais alta montanha do país: El Pan de Azucar, 423 metros de altura. Passamos por Piriápoles, Maldonado e finalmente Punta. Punta del Este é bem (ou muito mais) o que o Amaury Jr. mostra. No momento em que entramos na cidade a gente podia ouvir aquela musiquinha... . Sensacional! Em resumo, é uma cidade para ver e ser visto, com casas maravilhosas a beira mar, todas com gramado impecável e a altura de um bom campo de golf. Os prédios a la Miami, Tiffany&Co. e tudo a que o highsociety tem direito, e que faz com que a gente saia correndo. Matamos a fome no Burger King e tratamos de pegar a estrada o quanto antes. Dentro do Burger King um olhou para a cara do outro e falou: vamos cair fora! Seguimos pela Ruta 10 com a esperança de encontrar algo em José Ignácio. Transito estilo Florianópolis na alta temporada, com direito a uma visão de Carlitos Tevez – desta vez o verdadeiro. Depois de algum tempo descobrimos o motivo do congestionamento: desfile Dotto Models a beira da praia, só com gente bonita, transada e cheia da grana (ou querendo aparentar). Ufa! Passamos! Pegamos a balsa e atenção*** - ao contrario do que dizem as placas, nesta época do ano a balsa funciona 24hs – e seguimos por estrada de terra, até voltarmos para a Ruta 9 sentido La Paloma. Daqui pra frente só desgraça! Praias lotadas até o ladrão. Camping lotado sem ao menos 1 m2 livre, e o relógio marcando mais de 22h. Nas poucas vezes que paramos para perguntar se tinha vaga encaramos a cara de espanto das pessoas como se dizendo: vocês estão loucos? Querer achar alguma coisa nesta época do ano, nas praias mais procuradas do país? Já cansados e sem perspectivas de encontrar alguma coisa, paramos o carro no estacionamento de acesso a Cabo Polônio e dormimos no carro, mau humorados e com um baita frio. O clima tenso nem deixou que a gente curtisse um pouco o maravilhoso céu estrelado do lado de fora.

Dia 8 – Buenos Aires/Colônia do Sacramento 02/01/09 - sexta-feira

Fizemos o check out no hotel e saímos a procura de vinhos. Estacionamos na Calle Montevideo e caminhamos ela Corrientes. Dicas: - para quem gosta de música, vale uma passada na MusiMondo. Vários cds, quase todos, possíveis e imagináveis, que não encontramos no Brasil. - Vinhos: ao lado do supermercado Dia% (na Corrientes) tem um mercadinho chinês que tem vinhos bons e muito baratos! Fizemos a festa! Em direção a av. 9 de Julio (logo depois do chinês) tem uma outra lojaque vende vinhos e doces. Vale a pena conferir. Antes de deixarmos Buenos Ayres, fomos atrás de um restaurante que conheci em 2002, e que lembrava ser muito bom. É o tradicional Chiquilín (na esquina da Calle Montevideo com a Calle Sarmiento). Na nossa opinião um baita restaurante! E por incrível que pareça o serviço é impecável. O garçom que serviu a nossa mesa já morou no Brasil e era muito simpático, dando várias dicas sobre os pratos e harmonização com vinhos. Almoço bem servido, com ½ vinho: 115 pesos. Vale muito a pena! Passamos rapidamente por La Boca – Boca Juniors e Caminito – mas logo fugimos da ferveção turística. La Boca Às 18h30 estávamos no terminal Buquebus, onde pegaríamos o ferryboat ara Colônia do Sacramento (Uruguay de novo, ueba!). Aduana e embarque tranquilíssimos, apesar da minha tremedeira por não ter a tal procuração do carro. Buquebus: passagem Buenos Ayres/Colônia, 2 adultos e 1 carro pequeno: 398 pesos. (tudo para não arriscar ser parada pela policia rodoviária argentina). A lancha rápida levu 1 hora até Colônia. Eu enjoei um pouco e Mauricio “pré-panicou” com as ondas, mas pelo jeito a viagem é assim mesmo. Dica para quem vai a Buenos Ayres: cansou da grosseria porteña? Pega a lancha e vai pra Colônia! Mas nem tudo é perfeito deste lado do rio... a pequena cidade estava lotava e quase não conseguimos lugar para ficar. Por sorte encontramos a Posada de la Flor, por U$60/casal. Apesar de estar fora do que estávamos planejando gastar, essa pousada vale cada centavo. Os quartos dão para um jardim interno onde o café da manhã é servido. Muito bom gosto. Jantamos no já conhecido Mercosur, um já aprovado chivito e constatamos, mais uma vez, que os uruguaios são muito gentis e que o Uruguay vale sim uma missa (viu Edson!?).

Dia 7 – Buenos Aires 01/01/09 - quinta-feira

Um dia inteiro em Buenos Ayres. Um dia inteiro de feriado. O programa foi caminhar pela cidade atrás de coisas abertas, inclusive casas de câmbio. Por sorte nossos amigos tinham pesos para nos emprestar, pois TODOS os câmbios estavam fechados – e nessas horas a gente percebe como São Paulo nos deixa mau acostumados. Fomos até a Plaza de Mayo, centro e Puerto Madero. Dentre as bizarrices portenhas, presenciamos o suicídio de uma pomba no alto da catedral. Imagem abaixo, forte, porém curiosa. Pense bem antes de olhar para ela. O almoço foi no La Estância, na Calle Lavalle, onde ganhamos espumante de sobremesa. Almoço e vinho (dividido por 4): 100 pesos/casal. Cansados nos despedimos e combinamos de nos encontrar mais tarde, mas à noite as linhas telefônicas entraram em pane (pelo menos era o que parecia) e Mauricio e eu acabamos optando por uma caminhada nos arredores da Av. 9 de Julio com a Corrientes. No jantar provamos uma pasta no Pippo (Calle Montevideo), onde uma porção serve tranquilamente duas pessoas sem muita fome. Uma porção de pasta, mais ½ vinho: 42 pesos. Sobre Buenos Ayres no ano novo: não sei se é porque nosso estilo de viajar é um pouco diferente d maioria das pessoas, mas não tivemos uma impressão muito boa de BsAs nesta época. A cidade fica bem vazia, pois os portenhos seguem para o norte, rumo às praias, mas por outro lado fica lotada de brasileiros. Isso faz com que o serviço seja bem ruim, pois os argentinos já não agüentam mais tanto brasileiro e tratam todo mundo mal. Claro que falo isso com base na nossa experiência, nesses dois dias, e pode ser que seja apenas a nossa impressão. No entanto, dois dias aqui já foram suficientes para querermos voltar correndo para o Uruguay, onde as pessoas são mais simpáticas e acolhedoras. Sobre Buenos Ayres: eu estive em BsAs pela primeira vez em 2002, um congresso de Relações Internacionais. Me lembro que fiquei no Hotel Íbis, ao lado do Senado, e aquela área já estava sofrendo com a crise da economia nacional. Dessa vez, não recomendaria a ninguém que ficasse no Íbis (caso tenha a intenção de caminhar durante a noite). Nós, que ficamos na Av. de Mayo e andamos bastante a pé, fomos abordados algumas vezes por meninos de rua e vimos algumas abordagens mais violentas, desses mesmos meninos, a turistas europeus, com direto a garrafa quebrada e intimidação. Uma pena sair dessa cidade com a impressão de que ela está em decadência. Mas foi isso que sentimos durante essas pouquíssimas horas por aqui. De novo, pode ser apenas uma impressão. Nada que desmereça uma visita a cidade, apenas com mais cuidado que em outros tempos. Cena forte adiante...

Dia 6 – Carmelo/Buenos Aires 31/12/08 - quarta-feira

Deixamos Carmelo rumo a território argentino, crentes de que atravessaríamos por Fray Bentos... doce ilusão e tamanha desinformação, porque o impasse entre Uruguay e Argentina é de longa data! Mas não sabíamos, até então. Saímos de Carmelo rumo ao norte, pela Ruta 21. Próximo a Fray Bentos/Mercedes, perguntamos para a moça do pedágio* se a ponte estaria aberta. Resposta: Não! E por isso tivemos que subir mais 190km, pela Ruta 24, até Paysandu. Na fronteira, como não poderia deixar de ser, trocamos “gentilezas” com o amigo argentino que exigia a procuração do carro. Quando dissemos que não tínhamos o documento ele ficou olhando para a nossa cara sem dizer que sim ou que não. E eu fingi que também não estava entendendo o que se passava. Eu perguntei o que poderia acontecer se me parassem sem o documento e ele respondeu que eu seria multada. Perguntei o valor da multa e ele respondeu que dependia. Eu pergunte do que dependia e ele respondeu que dependia do guarda... (Mauricio pode contar mais detalhes sobre o meu estado surtado... com certeza a versão dele deve ser mais interessante e apimentada do que a minha). No final das contas o “amigo” percebeu que eu não ia “entender o que eu acho que ele queria que eu entendesse” e seguimos viagem. DICA: caso viaje com carro que está financiado, providencie uma procuração do banco financiador, para evitar problemas com os hermanos. Mesmo que o seu nome esteja no documento do carro. Com todo esse estresse descemos os 400km até Buenos Ayres (Ruta 14 e depois de Ceibas Ruta 12) morrendo de medo de sermos parado pela policia rodoviária de Entrerrios, famosa pela “cordialidade” com os carros brasileiros. BsAs não chegava nunca! E a estrada seguia numa reta infinita, com trânsito intenso no sentido contrário e completamente vazio sentido sul. Nos últimos 100km a velocidade máxima permitida era de 130km/h e Mauricio se esbaldou! Chegamos no centro da cidade por volta das 18hs e nos hospedamos no Hotel Alcazar (por 140 pesos o casal sem café da manhã) na Av. de Mayo. Ali nas redondezas é possível encontrar lugares por 120 pesos (na Calle Suipacha, por exemplo). Depois de acomodados fomos ao encontro de um casal de amigos, hospedados em Palermo, e saímos a procura de uma festa de Ano Novo. Achamos várias! Mas os preços estavam completamente fora do nosso orçamento, cerca de 190 pesos por pessoa! ☹ Acabamos fazendo um picnic em uma simpática praça, junto com um sósia do Seu Jorge, o Giraia (ou Carlitos Tevez mascarado) e amigos. Surreal! E para complementar, perto da 0 hora surgiram uma bandinha tocando musica mexicana – e vestidos a caráter - e uma batucada brasileira, com mulatas e o escambau. Terminamos a noite comendo pizza no Kentucky, que ficava perto do hotel onde nossos amigos estavam hospedados. E viva 2009! *detalhe do nome dela... Valéria Porras

Dia 5 – Montevideo/Carmelo 30/12/08 - terça-feira

Deixamos o hotel, tomamos nosso desayuno no La Pasiva, passamos na lojinha de música para agradecer pelo convite da noite anterior e às 11h25 estávamos prestes a entrar na Ruta 1, sentido Colônia do Sacramento. Colônia é uma cidadezinha às margens do Prata que, definitivamente, merece uma visita. No idioma “mauriciano” podemos definir a cidade como sendo “muy agradábile”. A semelhança com cidades brasileiras como Paraty, por exemplo, não é mera coincidência, isso devido ao fato de Colônia ter sido fundada pelo então governador do Rio de Janeiro, Manoel Lobo, em 1680. Era um ponto estratégico para o governo português na Bacia do Prata e conserva até hoje algumas construções típicas da época em que Portugal e Espanha se indispunham pela região. Almoçamos um chivito com vinho rose no restaurante Mercosur, numa das esquinas da Avenida General Flores, uma boa opção para orçamentos mais apertados (chivito simples, porém enorme, UR$99) e fomos tirar uma bela soneca, com direito a travesseiros, na beira do rio. De Colônia partem as lanchas para Buenos Aires (de Montevideo e de Punta Del Este também, mas em Colônia o trajeto é menor. Para informações sobre preços e horários, dê uma olhada no site do Buquebus . Como nosso plano original era seguir por terra mesmo, voltamos para a estrada, pela Ruta 21, até Carmelo. Em Carmelo fomos direto para o posto de Informações Turísticas (www.ciudadcarmelo.com) pedir dicas sobre hospedagem e assim caímos na casa da Família Diaz (Sr. Norberto Diaz – figuraça!). Ele aluga um quarto para viajantes, tudo super arrumadinho, com geladeira e fogão para os que desejarem, e um banheiro muito melhor estruturado (chuveiro não fica em cima da privada!) que a média. Tudo isso por UR$350. Aproveitamos o entardecer e demos um pulo até a Playa do Arroyo de las Vacas. O jantar foi indicação do Sr. Diaz, no Yatch Club [clú] de Carmelo: massa feita em casa... muito barato!! Um ótimo exemplo de (muito) bom e barato, salada, massa, vinho e sobremesa por incríveis UR$320.

domingo, 6 de dezembro de 2009

ética interessante

Agora há pouco meu irmão mais novo chegou aqui em casa, depois do segundo dia de prova do ENEM. Como ontem, perguntei como tinha sido a prova e, como ontem, ele me respondeu que OK, só um pouco cansativa, mas achou que se deu bem na redação, cujo tema foi a ética no país. Interessante. Em meio a escândalos e atitudes anti-éticas que vão do planalto do governo ao futebol (ou serão a mesma coisa?), passando pelo "roubo" da primeira versão da prova, me parece que a ética no país é um prato cheio, uma ótima oportunidade para saber o que os jovens brasileiros pensam sobre tudo o que está acontencendo por aí. Porque ao discutir ou falar sobre ética não nos remetemos apenas a política ou futebol, nos remetemos a nossa educação, ao que somos e ao que passaremos adiante. A ética, a meu ver, é um reflexo de cada um de nós. Interessante esse tema de hoje. Porque hoje mesmo eu estava conversando com meu outro irmão sobre acontecimentos familiares. Não me lembro de citarmos a palavra ética, mas lembramos de momentos em que, claramente, a ética de uns não correspondia à de outros, e o tempo tratou de mostrar o que as escolhas desencadearam na vida de cada um. E eu fiquei tranquila e em paz com a minha ética, e com a do meus irmãos. Interessante pensar sobre isso hoje. Pois tenho pensado frequentemente sobre os valores que carregamos, tanto no pessoal como no profissional. E às vezes chego a me perguntar se não sou boba por ser certinha demais em algumas coisas, como em seguir a minha ética, em todos os momentos. Porque tem muita gente por aí que acredita que o que vale é defender o seu. E ponto final. Custe o que custar. Como se desse para ser ético em alguns momentos apenas. Às vezes eu também balanço, chego a pensar que uma vez só não fará nenhum mal, mas no final percebo que não conseguiria trair a minha ética, o meu caráter. E quando percebi, em outros momentos, que minhas decisões estavam me levando para uma direção antagônica aos meus valores, fiz novas escolhas e corrigi o rumo. Talvez seja disso que a ética no país esteja precisando. Um novo prumo.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O tempo do tempo

A cada dia eu fico mais tranquila de que estou no tempo certo. Tempo certo da minha vida que poderia ter sido muito diferente se ao longo do caminho eu tivesse feito outras escolhas. Mas aí, quem saberia, talvez o tempo não fosse o mesmo e o certo seria errado ou incerto mesmo. O bom disso tudo é que em pleno quarto setênio minha vida está no trilho, rumando para algum lugar. Pra onde? Sei lá! Isso é pergunta que se faça?

domingo, 8 de novembro de 2009

Clássico

Clássico do Baixo Amazonas: Seleção de Juruti X Paysandu Neste clássico do futebol paraense tive a chance de presenciar um gramado sem grama e descobri uma nova habilidade no mundo da bola redonda: achar a bola em meio a poeira. De toda forma, futebol é futebol sempre! E a galera está sempre disposta a prestigiar um jogo, mesmo numa arquibancada na qual um passo em falso pode significar um (pequeno, médio ou grande, a depender da altura) acidente de percurso. Mas, de qualquer e toda forma, futebol é futebol! Sempre.

sábado, 24 de outubro de 2009

sábado, 3 de outubro de 2009

Por quê?

why is writing such a difficult thing? why does it have to be always so personal? why fear it? why feel so unveiled, naked, if the reader cant be sure who you are. you know who. only you. and even knowing, sometimes you don't. and no one does… so why? pour quoi peur? peut être parce que l'auteur sait ce qui se passe dans sa tête. parce qu'il connaît le vrai sentiment. parce qu'il connait. and still pour quoi?

terça-feira, 22 de setembro de 2009

DR Automobilística e dia mundial sem carro

Há algumas semanas eu decidi discutir minha relação com meu carro. Não pense que foi por causa da iminência do Dia Mundial sem Carro não. Provavelmente essa decisão se deu no meio de algum congestionamento na zona sul de São Paulo - na Marginal Pinheiros, na Av. Washington Luiz, ou arredores. Pode ter sido na Av. Rebouças também, aí já é zona oeste, ou na Marginal Tietê, zona norte... pouco importa. O fato é que, há alguns dias, eu tenho me condicionado a não pensar no meu carro como primeira opção de transporte em São Paulo. Confesso que em dias chuvosos, como os das últimas semanas, bate aquele desânimo de molhar a barra da calça, mas pensando bem: dia de chuva + carro + São Paulo = mil vezes pior que a barra da calça molhada! Tudo isso pra dizer que hoje, dia 22 de setembro, é o Dia Mundial sem Carro. E a cidade de São Paulo, assim como outras cidades e capitais pelo mundo, terá uma programação especial - com direito a bicicletada debaixo de chuva (mais informações logo abaixo). Ontem eu já comecei a mudar minha rotina de transporte. Normalmente, todas as segundas e quartas, eu saio do trabalho por volta das 18h, pego meu carro e encaro alguns quilometros pelas avenidas Brasil, República do Líbano, Indianópolis e Washington Luiz, até a 90 Graus, academia de escalada. Estresso por cerca de uma hora para relaxar por duas. Mas ontem experimentei pegar metrô e ônibus para chegar lá e pasme: apesar da lotação do metrô, levei no máximo 40 minutos da estação Brigadeiro até a Rua João Pedro Cardoso (ali atrás do aeroporto de Congonhas). Com chuva! Ponto para o transporte coletivo. Hoje acordei mais cedo.Olhei o céu através da janela da sala. Coloquei uma bota e deixei o guarda-chuva do lado da porta, para não esquecê-lo. Tenho a sorte de trabalhar perto de casa, umas 15 a 20 quadras que me custam 20 minutos de caminhada. Já na rua, na minha caminhada quase rotineira - e cada vez mais diária, desde que comecei a discutir a relação com meu carro - me senti orgulhosa de não depender do automóvel no dia de hoje, 22 de setembro. E quase em seguida questionei essa sensação, pois deveria me sentir orgulhosa de não depender do meu carro, a não ser para as minhas viagens de final de semana, sempre. Infelizmente isso não é possível para todo mundo, pois o transporte coletivo ainda deixa muito a desejar. Mas quando penso que, como eu, existem pessoas que poderiam ir andando ao trabalho ou a escola mas não vão - e me incluo nessa, pois muitas vezes peguei o carro para trabalhar e fiquei rodando para achar uma vaga, desistindo após 2 voltas e pagando estacionamento - fico lamentando por todas as horas perdidas no meio desse trânsito caótico, de pessoas estressadas. Conforto? Bem, estou mais para o conforto de perder uns quilinhos e ficar de bem com o espelho, do que o "conforto" do meu carro durante uma hora e meia parada para andar 7km. Se bobear, dependendo do fôlego, correndo leva-se menos tempo. E meu carro que me desculpe... mas estou bem feliz sem ele! Mais informações: Dia 22/09, terça-feira, das 07h às 19h: “VAGA VIVA” Local: Rua Padre João Manoel – ao lado do Conjto. Nacional (Av. Paulista – metrô Consolação) Dia 22/09, terça-feira, das 09h às 12h: “PRAIA NO TIETÊ" (Local: Marginal Tietê na Ponte das Bandeiras) - Promovida pela Fund. SOS Mata Atlântica a "Praia" pretende reunir 200 pessoas para encenar uma manhã de lazer com caminhada, jogos e até um banho de sol. O evento será transmitido ao vivo pela Rádio Eldorado. Dia 22/09,  terça-feira, às 18h: BICICLETADA! Concentração às 18h na Praça do Ciclista (Av. Paulista x Av. Consoloção) e saída às 20h. Veja mais informações em: www.bicicletada.org/DMSC2009 Dia 22/09,  terça-feira, das 18h às 20h30: AUTOÓLICOS ANÔNIMOS Intervenção artística para sensibilizar a população para o uso consciente do carro. CICLOROTAS!  Quer pegar uma carona para o trabalho no bonde das bicicletas? Ciclistas nos ajudarão! Aguarde mais informações e prepare-se para pedalar no dia dia 22/09,  terça-feira! Mais: ecourbana.wordpress.com www.nossasaopaulo.org.br www.apocalipsemotorizado.net www.ciclobr.com.br

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

VariedadeS

(foto: Cecília Ferraz) No último mês e meio, muitas coisas contribuíram para que eu colocasse em prática o que mais gosto de fazer: pensar. Ia colocar aqui "refletir" mas, antes de escrever, a palavra me soou sensata demais. Algo que não sou necessariamente. Pensar o quanto realmente vale uma vida tranqüila, num local agradável. Quanto custa, de verdade, um lugar pra chamar de meu, minha casa. Pensar que viver em harmonia com os vizinhos não significa aceitar tudo que o bom senso alheio julga adequado. Que eu cresci e está mais do que na hora de ser sensata (eu?) e de expressar minha opinião, pois se não o fizer, além do alheio tomar conta, acabo por me encher e simplesmente ignorar o que acontece a meu redor - o que pode, em breve, virar uma boa dor de estômago ou um prato cheio para a terapia. Pensar se as pessoas ainda tem um restinho de compaixão, de sentimento, sob toda a ganância e luta pela sobrevivência (leia-se: dinheiro) num grande centro como São Paulo. Pensar que muitos de nós vivemos numa bolha que julgamos ser o território das verdade e da intelectualidade mandante desse país, e deixamos de olhar e perceber que esse país é MUITO mais que as regiões sul-sudeste. Que temos muito que aprender e trocar com todas as outras formas de conhecimento e culturas. Pensar que contradições existem. Sempre. E graças a elas posso pensar assim. Sempre. Esperando que isso me leve à reflexão. De preferência sensata.

sábado, 1 de agosto de 2009

O futuro é agora

E viva a globalização (massificação?) da cultura! Em pleno Juruti, sábado de Festribal, 10h30 da manhã, entra pela janela de casa o inconfundível som de Thriller de Michael Jackson. É o vizinho provavelmente curtindo algo que não a música das tribos que, desde que chegamos, toca sem cessar. E por falar em tribos, ontem fomos assistir à apresentação mirim das tribos Muirapinima e Munduruku. Devo admitir que minhas expectativas não eram nada altas. Pela primeira vez acompanhei um pouco mais de perto o Festival de Parintins, que foi transmitido para São Paulo, ao vivo, e não fiquei tão empolgada com o que vi pela TV. Mas hoje, depois da prévia que a apresentação mirim nos deu, entendo que deve ser algo mágico estar no meio de uma manifestação como a de Parintins... Hoje a noite estaremos no meio da terceira maior festa do estado do Pará, rodeadas de lendas e mitos dessa Amazônia tão próxima e, ao mesmo tempo, tão distante de nós. Na apresentação das tribos existem alguns personagens-chave: a porta-estandarte, a guardiã tribal, a índia guerreira e o pajé. Para cada personagem é contada uma história, uma lenda, que explica seu surgimento e sua relação com a floresta. E quando finalmente esses personagens "nascem" no Tribódromo... quanta energia e quanta dança (para não dizer, erroneamente, samba) no pé! Isso porque são crianças!!! É uma energia linda de se ver e sentir. São eles que estarão à frente da apresentação principal daqui a alguns anos, e são eles que estarão à frente de Juruti também. E então, todo o nosso trabalho faz sentido. Será que em 10 anos, o Festribal terá a mesma energia de hoje? A mesma emoção? Será que um dia ouviremos a música das tribos em São Paulo, ao invés de Thriller? Disso eu duvido. Porque a idéia de que a floresta é intocada está cada vez mais distante. E cada vez mais ela quer fazer parte do mundo global, afinal por que, justo ela, deveria ser excluída e preservada? Esta aí uma reflexão. Mais uma...

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Meus pais

Por falta de um, eu tive dois pais. Um deles dizia que se mãe fosse bom a gente tinha duas, bem... isso deve dizer alguma coisa sobre pai. Um deles era jornalista. O outro era médico. Um de uma mistura tipicamente brasileira, quase indecifrável. O outro japonês. Cada um com sua especialidade, mas com algumas coisas em comum. Entre elas o reconhecimento e carinho que tinham de seus colegas de profissão, o aprofundamento de seus conhecimentos que os tornaram referências em suas áreas, o prazer em comer e beber, a paixão pela música brasileira e o intenso e apaixonado amor, se podemos assim dizer, pelo futebol. Um deles, o jornalista, escreveu certa vez que "se é verdade que o futebol é uma doença, como querem alguns elitistas, então certamente será hereditária, como certas febres passionais, que nos corroem a alma de vez em quando. E não haverá, felizmente, vacina capaz de impedir que se alastre. Passará de pai para filho”. O outro, o médico, me levou pela primeira vez a um estádio de futebol, para assistir um fatídico 3X2 que o Corinthians tomou do Vitória da Bahia, no Morumbi, com um gol válido anulado pelo juiz, que garantiria nossa classificação. Eu, uma filha apaixonada pelos meus pais, sou também apaixonada por futebol. Nada comparado com meus amigos que mantém blogs sobre o tema e tem de cabeça todas as escalações, decisões e gols, ou que fazem loucuras para ver seu time jogar. Não, eu não sou assim. Mas sinto dentro de mim uma alegria imensa quando meu time entra em campo. Tenho dor de barriga em véspera de decisão. Taquicardia 15 minutos antes de o juiz, ops! árbitro, apitar o início do jogo. Como todas as minhas unhas até ele apitar o final. Eu xingo. Bato palma. Reclamo porque o jogador não fez a falta pra parar a jogada. Abraço o figura desconhecido do meu lado (que esqueceu do desodorante) e pulo loucamente quando meu time faz gol. Por essas e por outras eu posso dizer que tenho também uma amor apaixonado pelo futebol. Fico rouca no dia seguinte. Mas, uma das coisas que os meus pais não tinham em comum era o time pelo qual torciam. O jornalista palmeirense. O médico corinthiano. Os dois não estão mais entre nós. O jornalista desde 1986. O médico desde 2005. Nesse ano de 2009, na decisão do Campeonato Paulista, eu estava longe de casa, acabou o jogo eu liguei para os meus irmãos e a primeira coisa que disse foi "que pena que o papai não está mais com a gente para vibrar com o Timão". Às vésperas de mais uma decisão, eu já sinto aquela dorzinha de barriga e a saudade de torcer/sofrer junto com meu pai. E penso que meu pai, jornalista, iria compreender essa dissidência, pois de fato o futebol é uma doença, dessas que se passa de geração para geração, com gene ultra dominante.

terça-feira, 2 de junho de 2009

domingo, 10 de maio de 2009

Na Amazônia

(brevíssima contextualização: estou aqui em Juruti - que fica às margens do Rio Amazonas, no estado do Pará - a trabalho há 2 semanas) Sábado(09/05) Logo pela manhã caiu um chuvão (quase um pleonasmo para o inverno na Amazônia) que fez com que ficássemos mais tempo na cama. Levantamos por volta das 9h e fomos atrás de cartucho de tinta preta para a impressora. Encontramos na grande loja de material de escritório na praça da matriz. Voltamos para casa e ficamos organizando as informações que já coletamos e fazendo a lista de o que precisamos coletar. A Denise ficou arrumando a apresentação que fará na oficina de segunda-feira no STTR, e eu fiquei imprimindo as fichas que usarei durante essa semana. O calor escaldante lá fora fez com que ficássemos a manhã toda em casa. A Denise tinha uma conversa com o representante da ADEPARÁ mas não conseguiu falar com ele. Tentamos por diversas vezes entrar em contato com o Seu Joaquim para irmos ao igarapé, mas por alguma razão os telefones não estavam funcionando bem (e muito provavelmente o do representante da ADEPARÁ também estava no bolo). Foi dando um bode... tudo o que tentávamos para sair de casa não dava certo. Ai que falta faz uma carteira de motorista para guiar moto! Tentamos agendar uma saída de barco para o domingo, mas também não tivemos sucesso. O que nos restava a fazer era ver o pôr-do-sol e sair para correr ao cair da noite. O pôr-do-sol foi lindo e logo que nos viramos para voltar pra casa, uma lua gigantesca, amarela, no horizonte, nos saudava. Para melhorar o visual a energia elétrica se foi por alguns minutos e ficamos numa esquina de Juruti em contemplação. Já a nossa corrida... bem, tivemos a infeliz surpresa de perceber que nossos tênis foram roubados aqui da varanda de casa. Muito chato. Não apenas pelo prejuízo (o tênis da Denise era igual o meu... portanto eu sei quanto pesa no bolso), mas pelo fato de que até aqui, no meio da Amazônia, numa cidadezinha aparentemente pacata, na qual os vizinhos se cumprimentam e onde, até poucos anos atrás trancar a porta era algo a se fazer só em caso de viagem, essas coisas acontecem. Ficamos com raiva, indignadas, putas, enfim. Por alguns instantes deu uma vontade imensa de voltar pra casa, para o completamente conhecido e contornável. Afinal, não era pra ser diferente por aqui? Reflexos do desenvolvimento. E há quem diga “viva o PAC!”. Será? Domingo (10/05) Depois da experiência da noite anterior, nos demos o direito de ficar na cama até o corpo e a mente acordarem e ao levantarmos decidimos que sair de casa, de qualquer jeito, com o lema: custe o que custar! Seu Joaquim tirou o dele da reta. Quero dizer, o carro, que segundo ele foi pro conserto e estará pronto para pegar a Denise amanhã cedo, rumo a mais uma oficina de percepção. Tentamos convencer outro taxista a alugar o carro pelo dia. Em vão. Locadoras de carro: nada! Quanto é mesmo que custa pra tirar carta de moto? Seria mais um dia dentro de casa, fugindo do calor, dentro do quarto com ar condicionado? Para aqueles que devem estar perguntando o porquê de não sairmos por aí caminhando, bem... bem-vindos à Amazônia! Não é nada fácil encarar o calor escaldante e úmido desta região. Tiro o chapéu para os que daqui são, pois eu levaria um tempo pra me adaptar e conseguir sair de casa tranquilamente entre 10h30 e 14h30. Se não fosse por isso, com certeza estaríamos nos deliciando nas águas geladas de algum igarapé. Mas voltando ao nosso programa de domingo, um detalhe que esqueci de contar é que hoje é dia das mães. Quem, em sã consciência, deixaria de passar o dia com a família para levar duas paulistas para passear por aí, numa época em que o rio está cheio (a maior cheia dos últimos 156 anos – de acordo com notícias na internet) e não tem nenhuma praia que não esteja submersa? Canalizamos todas as nossas energias e no final das contas conseguimos acertar um passeio de barco com o Neto, sua esposa Celine e o lindo do Pedro Isaac (filhinho deles, de 8 meses). Conseguimos fazer com que a Celine passasse o primeiro dia das mães da vida dela dentro de uma lancha rumo ao Lago Juruti Velho, com duas paulista embasbacadas com a paisagem amazônica e com o Pedro Isaac (muito lindo!). O que talvez ela não saiba é esse foi um dos melhores passeios que fiz na minha vida! Desses de renovar as energias, de sentir uma leveza depois de um mergulho no rio, de lavar a alma para uma nova semana que se inicia. Foi tudo o que precisávamos depois do nosso sábado em casa e do susto pré-corrida. O rio está realmente muito cheio. Quase tudo está embaixo d’água. Ranchos, casas, trapiches, árvores. Quase tudo. Almoçamos na vila de Juruti Velho, cuja parte baixa já foi tomada pela água, e de lá partimos para o Formigão, para um banho de rio (lago?). Delícia! A volta foi só alegria e muitas aves, das mais variadas formas e cores, cruzando nosso caminho (ou será que nós que estávamos cruzando o caminho delas?). Tudo perfeito para fechar um domingo aqui no meio da floresta.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Dia 4 – Montevideo

Apesar do colchão em V o Hotel Libertad II surpreendeu. Nada que um bom alongamento e um banho (ducha deliciosa no banheiro espremido) não consertem. Ah! Mas outro aviso importante para quem está considerando ficar nesta super pechincha, o quarto tem uma varandinha que dá pra rua, que por sua vez é um tanto barulhenta à noite, com carros, motos e ônibus. Se o barulho incomodou o Maurício, minha mãe piraria de vez! Recuperados, tomamos nosso desayuno no La Pasiva da Ciudad Vieja (Calle Sarandi, 600). A opção “capuccino (café com leite) + jugo de naranja + 2 media lunas c/ manteca e marmelada” sai em conta e satisfaz por UR$39,00 por pessoa. Andamos pelas ruas paralelas reconhecendo o terreno. Montevideo tem uma arquitetura muito interessante e acredito que os prédios da Ciudad Vieja e do centro sejam tombados – as fachadas pelo menos – porque reparei que vários prédios eram só a fachada, por dentro vazios. Almoçamos no Café Bacacay, em frente ao Teatro Solís. Aproveitamos o prato do dia, nhoque – muito mais comum no Uruguay do que no Brasil. Todo dia 29 de cada mês a maior parte dos restaurantes uruguaios têm nhoque como prato do dia, herança clara da grande imigração italiana que chegou no país nas primeiras 3 décadas do século XX. Cardápio: nhoque (UR$185) e milaneza c/ salada mista (UR$160) acompanhados por vinho tannat Juan Carrau 2005 Reserva. De sobremesa torta de maçã com sorvete de creme. Os dois pratos são mais que suficientes para nós dois, mas talvez uma garrafa de vinho seja um pouco demais. Eu fiquei com uma ressaquinha... Depois do almoço pegamos o carro e seguimos a beira-mar/rio sentido norte. Paramos numa prainha (no 16000m da pista de corrida) que nos lembrou muito Seattle, com um vento frio e água geladíssima.Na volta para o centro, entramos nos bairros mais afastados do mar/rio, bem residenciais, com casas grandes e poucas ou baixas cercas. Passamos pelo Estádio Centenário, onde o Uruguay venceu a primeira edição da Copa do Mundo, e entraríamos no Museu do Futebol se ele estivesse aberto... mas não abre às segundas e terças-feiras. Tentamos chegar a tempo no Mercado do Porto para provar o famoso medio y medio no Café Roldós, mas já estava fechado quando chegamos. Aliás, o ato de “estar fechado” em Montevideo merece um certo destaque. Como chegamos num domingo, pensamos que na segunda-feira tudo estaria a mil, inclusive o escritório de informações turísticas. Ilusão nossa. Apesar de o comércio estar mais agitado na segunda-feira, inclusive as lojas de música (palácio de La Musica) que, segundo o Maurício, vendem produtos que não são encontrados no Brasil, os pontos de visitação turística, até mesmo de informação, estavam fechados. A informação turística fechada por férias (!!!) e os museus, em sua maioria, só funcionam de quarta a domingo. Portanto, se vier a Montevideo, programe sua chegada para quarta ou quinta-feira. Algumas pessoas também nos perguntaram sobre os preços no comércio de Montevideo. Bem, nossa impressão é que os preços - de roupas, calçados, computadores, por exemplo – são os mesmo do Brasil, com pequenas diferenças para mais ou para menos. A curiosidade é que alguns produtos são anunciados em US$ (dólar americano), tais como guitarras, CDs importados, eletroeletrônicos. Talvez por isso a presença de casas de câmbio seja tão grande ao longo da Avenida 18 de Julio. Por falar em câmbio, dê preferência para trocar o dindin nas redondezas da Av. 18 de Julio, pois as taxas pagas pelas casas mais próximas do Mercado do Porto ou da Ciudad Vieja são um pouco piores. O tango bicentenário A caminho do Mercado do Porto para provarmos o medio y medio, uma lojinha nos chamou a atenção. De cara fica um pouco difícil identificar se é uma loja, uma oficina ou simplesmente um lugar onde um senhor narigudo e um pouco mau-humorado passa horas com seus brinquedinhos musicais. Na vitrine pôsteres de tango, a biografia de Piazzola (escrita pela filha dele), fotos dos Beatles e um baixo elétrico igual ao do Paul McCartney. Tudo isso em meio a pedaços de madeira, poeira, teias de aranha e outros objetos não identificados. Na parte de dentro, ao fundo, pedaços de instrumentos, ferramentas e à direita uma prateleira com meia dúzia de bandoneones decorados com detalhes em madre-pérola (avaliados, segundo o músico da dupla viajante, em cerca de US$2,5 mil). Diante de tais evidências de que ali habita um amante incondicional da música, lancei um “será que ele saberia onde podemos ouvir um tango aqui em Montevideo?” e fui ouvida! Quase na saída esse senhor nos disse que haveria uma apresentação de tango às 20h30 no teatro Atheneo, gratuita, e que estávamos convidados a aparecer. Ao chegar ao Atheneo de Montevideo (Plaza Cagancha, 1157), nos deparamos com 70% da população da capital federal, com mais de 70 anos!!! Falando sério agora, a média etária devia estar entre 75 e 80, sendo eu e o Maurício pertencentes aos 3% dos “abaixo de 40”. Todos velhinhos e velhinhas arrumadinhos e ansiosos pela apresentação. Nós dois, a essa altura, já nos perguntávamos “o que estamos fazendo aqui?” ou ainda, “por onde e como sairemos em caso de incêndio?”... mas quando começou a apresentação nos surpreendemos. Primeiro porque aquele senhor narigudo e carrancudo era o contrabaixista da orquestra. Orquestra típica Juan D’Arienzo, composta por 5 bandoneones, 5 violinos, sendo 1 solista, um contrabaixo (nosso amigo) e um piano. Quando a música começou, o público quase centenário, foi ao delírio e assim continuou pelas quase 3 horas que se seguiram, com direito a dançarinos, cantores convidados e homenagens. A pianista russa (do cara%#o, como diria o Maurício) que estreava no lugar do pianista “aposentado” por questões médicas foi só um dos pontos surpreendentes da apresentação.O espetáculo que estávamos assistindo por acaso, era o fechamento do ano para a orquestra. O dia que todos os que estavam ali esperaram durante todo o ano. Foi uma experiência impagável! E claro que no dia seguinte voltamos à lojinha para agradecer nosso simpaticíssimo anfitrião, e desta vez até que ele e o Mau trocaram umas 15 palavras cada um, sem cruzar muito os olhares e nunca deixando de prestar atenção no instrumento desmontado em cima da bancada. Na saída comemos uma pseudo-pizza no Il Mondo della Pizza (na Av. 18 de Julio) , Maurício partiu para um sorvete de creme no La Cigalle e capotamos no nosso delicioso colchão em V da habitación 1 do Hotel Libertad II.