domingo, 18 de janeiro de 2009
Dia 4 – Montevideo
Dia 3 – Bagé/Montevideo
Tomamos um café da manhã simples porém gostoso, por R$3,80 (!!!) na Padaria Moderna, em Bagé e às 9h50 partimos rumo ao Uruguay.
Aceguá, cidade na divisa com o Uruguay, fica a menos de 70km de Bagé, pela BR153, e a paisagem até lá não é muito diferente do que veríamos adiante: pasto, gado, ovelhas e mais gado. Vale destacar que a estrada está em ótimas condições.
Estávamos curiosos para conhecer a cidade brasileira do filme El baño del Papa (2007) – vale a pena (o filme, não a cidade) – por ser a cidade onde os personagens compravam os produtos que levavam até Melo, de bicicleta. De uma maneira bem geral, e pouco profunda pois não passeamos muito pelas poucas ruas da cidadezinha, parece ser um lugar esquecido, mais para lá do que para cá, facilmente incorporável ao Uruguay, se os uruguaios se interessassem em arrastar a fronteira um pouquinho para dentro do Brasil. (fotos)
Em direção à aduana, na avenida principal pudemos observar que do lado direito as placas dos estabelecimentos estão em castellano e ao lado esquerdo em português (salvo a Parrilla dE Spaña), seria algo parecido com Ponta Porã? O lado de cá e o lado de lá? Não conseguimos ter a certeza disso.
A cidade certamente é menor que Quaraí (que faz divisa com o Uruguay mais a oeste) e o catellano é um idioma utilizado, mesmo que de forma informal. Aceguá tem, segundo o IBGE, uma população de 4.300 habitantes, com densidade demográfica de 2,7 hab/km² (no wikipedia tem boa informação: http://pt.wikipedia.org/wiki/Acegu%C3%A1)
Fizemos os trâmites legais na aduana e o oficial nos alertou sobre a possibilidade de pedirem uma procuração do Banco para que pudéssemos sair do país com o carro (no documento meu nome consta como arrendatária, no campo observações), mas nos deixou seguir sem grandes problemas.
Aqui na aduana vale a pena fazer câmbio, pois a taxa paga pelo simpático senhor que aborda os brasileiros estava melhor que a paga pela maioria das casas de câmbio em Montevidéo. No final das contas nos arrependemos de trocar somente R$200.
Saindo do Brasil por Aceguá caímos, necessariamente na Ruta 8 que acaba (ou começa, dependendo da perspectiva) em Montevideo, passando po Melo e por Treinta y Tres.
Em Melo paramos para fotos, afinal de contas estávamos inspirados pelo El baño del Papa, e para almoçarmos.
A cidade é bonita, com primaveras floridas nos principais cruzamentos da região central e motonetas num vai e vem incansável. Para quem assistiu (ou vai assistir) o filme, a impressão que dá é que, de 1988 pra cá, Melo foi crescendo enquanto Aceguá definhava. Quem sabe foi a benção do Papa a principal responsável por isso. Mas isso não quer dizer que o fato de ser uma cidade isolada, no nordeste uruguaio, tenha mudado. Melo continua rodeada por quilometros e quilometros de estradas quase retas, planas e solitárias. Talvez a melhor saída de emergência, em caso de incêndio, seja a pacata e velha Aceguá.
Em Melo almoçamos na Parrillada La Rueda (Calle Pedro Varela X Calle Gal. Justino Muniz). Parrilla para 2
pessoas por UR$370, o que dá quase R$37. Devo admitir que me empolguei ao pedir a parrillada, mas na hora que ela veio, apesar de bonita, dei um passo pra trás e fiquei no convencional: costela e só. Deixei as linguiças de cor estranha para o Maurício que acabou esquivando-se da mais escura. Para os amantes de carnes, miúdos e cia. ltda. a pedida pode ser muito interessante, mas eu ficaria mais confortável com uma tortilla ou milaneza mesmo.
Seguimos rumo a Montevideo pela Ruta 7, que segue paralela à Ruta 8 e acredito que seja menos movimentada (a descrição correta seria: totalmente vazia) que ela. Mais uma vez foram quilometros e quilometros de pasto, pasto e pasto, com muitos pássaros à beira da estrada, em seus vôos rasantes em direção ao nosso carro.
O calor estava incrível!!! Haja água para hidratar e paciência para vencer as infinitas retas e a paisagem constante que só começou a mudar (um pouco) cerca de 150km antes de Montevideo, com o aparecimento de alguns pontos de silvicultura e vilarejos mais povoados (mais de 20 casas!).
Durante esse trajeto, quase nenhum veículo passou por nós, com exceção dos caminhões de carga viva que iam cheios (gado e ovelhas) sentido Montevideo e voltavam vazios sentido Melo (onde será que ficavam os animaizinhos?).
Com relação ao asfalto, podemos dizer que passamos por “ameaças de buracos”, mas nada preocupante ou que nosso carrinho não tenha aguentado bem.
Chegando em Montevideo não vimos nenhuma placa indicando “centro”. As opções são 3 grandes avenidas, das quais só me recordo de duas: Av. Gal. Flores e Av. De las Instrucciones. Seguimos instintivamente pela segunda e no final deu tudo certo. Ao que me pareceu, qualquer uma das opções nos levariam, de alguma forma, até o centro de Montevideo.
Procuramos por hotel e os indicados em nosso guia (hostels em sua maioria) não tinham mais vagas. Na Ciudad Vieja é possível encontrar muitas opções entre as calles Canelones, Maldonado, Durazno, Paraguay e entorno. Ficamos entre 3 opções, uma de UR$800, outra de UR$600 (ambas casal c/ desayuno) e uma terceira de UR$350. Adivinhem? Apesar do perfume de mofo Uruguayo e da decoração duvidosa (e do colchão em V, que descobrimos mais tarde), apostamos no Hotel Libertad II – Calle Maldonado, 980 – habitación con baño, sin desayuno, por UR$350.
O banheiro, de cara, é de se estranhar, mas a maioria dos chuveiros no Uruguay e na Argentina ficam em cima da privada. Acredito que isso se deve ao fato de os prédios serem muito antigos e as “habitaciones” acabam sendo modificadas para comportarem um banheiro.
Se recomendamos? Bem, essa é outra história. Não tivemos nenhum problema, a não ser um leve mal estar nas costas, Maurício não teve crise de alergia em função da umidade (como eu estava esperando desde que entrei no hotel) e é uma boa economia para quem pretende investir na combinação comida/vinhos. De qualquer forma optamos por acertar apenas 1 noite e ver como nos comportamos/sobrevivemos.
Deixamos tudo no hotel e fomos atrás de jantar. Comemos um lanche no La Pasiva (uma rede uruguaia bem boa) na Av. 18 de Julio – principal avenida da cidade – esquina com a Calle Esido. Provamos o típico chivito canadiense.
O chivito é um sanduíche como nosso X-salada, mas ao invés de carne de hamburguer, leva bife mesmo – imagine um bife de chorizo fininho, macio... essa é a carne do chivito. O chivito pode ser simples ou completo (como se fosse um X-Bacon, por exemplo), pode ser no pão de hamburguer (na maioria das vezes) ou no prato (boa opção para 2 pessoas) e pode ainda ser canadense – neste caso é acompanhado por uma porção de papas fritas. Se não quiser engordar não esqueça de pedir o seu sem maionese, mas esteja ciente que vai perder uma parte importante da combinação.
Em um dia de Uruguay, ousamos fazer um resumo do país, para checar com nossas impressões futuras. Aqui vai: o Uruguay é... pasto, vaca marrom com cabeça branca, moto sem capacete, mais vaca, pouca gente, chivito! Ah! Outra observação importante, tivemos a impressão, chegando próximo a Montevideo, de que cada casa tem sua vaquinha, como um cachorro, mas maior, marrom e que dá leite (bebível). Podemos afirmar que 80% das casas observadas, tinham suas respectivas mimosas no quintal.
sábado, 17 de janeiro de 2009
Dia 2 – Fraiburgo/Bagé
Saímos de Fraiburgo por volta das 8h15 sentido Monte Carlo e Brunópolis (voltamos até o portal da cidade e pegamos a estrada à direita logo em seguida). Caímos novamente na BR116.
Até Lages o trânsito esteve intenso, com uma grande quantidade de carros argentinos. Acredito (e tive certeza disso durante nossa volta) que eles seguiam na BR116 até a BR280 (sentido Joinville/Florianópolis). E atenção: eles não são muito
pacientes.
De Lages a Vacaria o trajeto apresenta retas e morros leves, turismo basicamente rural e boa sinalização. (Cabe ressaltar que a qualidade do asfalto é melhor no Paraná e vai decaindo em direção ao Rio Grande do Sul. Não que fique ruim, seria errado afirmar isso, mesmo porque os pedágios ao longo da rodovia têm de se justificar, mas para quem sai do Paraná a diferença fica clara).
Passando Vacaria, entramos na região serrana do Rio Grande do Sul. Visual muito bonito e estrada bem sinuosa. A passagem sobre o Rio das Antas merece uma parada para fotos.
Até Caxias do Sul seguimos a BR116, onde pegamos o acesso à RS453, sentido Farroupilha. A RS453 não é tão agradável quanto a BR116, e o tráfego de caminhões se acentua, muito em função do parque industrial de Caxias do Sul (acredito eu).
Paramos para almoçar entre Garibaldi e Bento Gonçalves, no restaurante italiano Di Paolo (antigo Giuseppe). Apesar do preço um pouco acima do que gostaríamos de gastar (R$32/pessoa), é uma boa pedida para os apreciadores de uma boa comida italiana e, sobretudo, para os bons de garfo, pois você pode comer até quando aguentar. Eu e Maurício paramos logo. Provamos o cappeleti in brodo, o galeto, a polenta frita, salada e uma massa feita pela própra casa (a minha ao funghi e a dele ao sugo). Tudo divinamente de acordo com a tradição italiana – isso quem atesta é o Mau, que não parou de elogiar o capelleti, segundo ele tão difícil de agradá-lo (considerando as comparações que ele faz com a comida feita pela família). Eu aproveitei e me esbaldei com o suco de uva integral, sem açucar ou conservantes, produzido na região. No final estávamos com uma baita preguiça de continuar a viagem, mas resistimos e seguimos pela RS453 até Estrela.
De Estrela pegamos um trechinho da BR386 sentido Lajeado e de lá rumamos para Santa Cruz do Sul. Neste trecho fomos parados pela Polícia Rodoviária, para averiguação de rotina, sem maiores problemas. De Santa Cruz do Sul para Rio pardo/Pântano Grande, pela BR471.
Foi na BR471 que começou o “andar e andar sem ver nada além do horizonte, lá longe”. Atenção para quem pretende passar por aqui: o trecho urbano de Rio Pardo é cheio de radares, velocidade 60km/h.
Em Pântano Grande entramos na BR290, sentido Uruguayana. Retas intermináveis e paisagem típica dos Pampas: planícies, açudes, pasto e gado com pitadas de silvicultura.
Abastecemos em Cachoeira do Sul, penúltimo posto antes de Bagé. Vale a pena parar para esticar as pernas, tomar uma coca-cola. Só não repare no mau-humor dos atendentes.
Ao entrarmos na BR153, sentido Bagé, as planícies vão se alternando com morros leves e algumas formações rochosas interessantes (para quem se interessa, próximo a Caçapava do Sul tem um point de escalada que avistamos da estrada e pareceu ser bem convidativo). Passamos pelo acesso para Caçapava do Sul e depois disso nada, nada e nada. Nenhuma cidadezinha, vila, vilarejo. Muito pasto, vacas e mais vacas. Fazendas infindáveis, enormes. Ficamos nos perguntando de quem é tudo aquilo. Será um dono só? Dois? Cinco? Assim se passaram quase 200km.
Ao chegar a
Bagé presenciamos um pôr do sol como
nunca tinha visto antes. Cores lindas e a imensidão do céu.
Chegamos em Bagé depois das 21h, mas havia acabado de escurecer. Os dias ao sul parecem mais longos.
Hotéis em Bagé:
- Hotel Cassino – parece ser o mais “tradicional” da cidade: R$65 s/ ar; R$75 c/ ar.
- Hotel Medranho – simples, ao lado da rodoviária: R$43/casal
Optamos pelo segundo. Simples mas honesto.
Voltinha à noite pela rua principal de Bagé e percebemos que a cidade está mesmo mais para Argentina/Uruguay que para Brasil. Me desculpem os “bageenses”, mas é verdade, e se pensarmos bem, está mais pra lá que pra cá mesmo. Bem, mas voltando ao nosso passeio, por incrível que pareça, pegamos trânsito, típico de cidade do interior. As pessoas páram os carros, ligam o som, abrem o porta-malas e sentam para ver o movimento.
A cidade tem uma arquitetura muito bonita e fiquei interessada em conhecer um pouco mais da história da região (ou deveria ter prestado mais atenção nessas aulas de história no colégio). Chamou a atenção também o fato de ter um poste, isso mesmo: um poste, em praticamente todos os cruzamentos da cidade, fazendo a função de uma rotatória. Não nos perguntem sobre acidentes, pois não presenciamos nenhum, mas que é estranho, isso é.
Resumo do dia:
890 km rodados
Longos quilômetros sem muito movimento.
Partimos...
Dia 1- São Paulo/Fraiburgo
Saímos de São Paulo por volta das 8hs. sob garoa fina e friozinho, rumo à Régis Bitencourt, vulga BR116, que estava carregada de gente seguindo em direção, muito provavelmente, às praias catarinenses, na esperança de que a chuva daria uma trégua durante os dias antecedentes ao Ano Novo. Durante o trajeto até Curitiba houve alguns trechos de lentidão, sobretudo na primeira serra, decorrentes, basicamente, do estreitamento de pista e muitas vezes devido aos radares (60km) que não devem funcionar há um bom tempo.
Almoçamos em Curitiba, numa churrascaria à beira da BR116 – Frangão – que você deve acessar seguindo sentido Curitiba e não Florianópolis/Porto Alegre. No Frangão nos informamos sobre hotel e o dono da churrascaria sugeriu que parássemos no hotel Planalto, em Lages.
O percurso seguinte, pela BR116, foi muito mais tranquilo do que o anterior, com muito pouco movimento.
Ao contrário do que imaginávamos, a BR116 está em excelente condições no estado do Paraná e a paisagem do Planalto Paranaense é muito bonita. Basicamente são quilometros e quilometros de retas, soja, milho e pequenas proporiedades cujos agricultores vendiam batata, cebola e melancia na beira da estrada.
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